Escrito a quatro mãos, este livro nasceu do encontro entre dois grandes nomes da música e da literatura, respectivamente: Jocy de Oliveira e Adriana Lisboa.
“Realejo dos mundos” é um romance inédito de Adriana Lisboa, escrito em homenagem à peça homônima multimídia de Jocy de Oliveira, de 1987. Por sua vez, ao se deparar com tamanho elogio à sua obra, Jocy de Oliveira compôs “Realejo de vida e morte”, um roteiro cinemático e teatral baseado neste novo romance de Adriana Lisboa. É como um círculo que se fecha e se alimenta: em seu romance, Adriana Lisboa narra, em linguagem poética e com personagens insólitos, a influência da música e das composições de Jocy na sua formação. Jocy cria seu roteiro em uma livre adaptação do romance de Adriana. As vozes de ambas narram, comentam, se confundem.
Além do romance e do roteiro (este em português e inglês), o livro conta com prefácio da jornalista Joselia Aguiar, fotografias coloridas da encenação da peça no Sesc Pompeia em 2022, partituras e anotações.
No enredo de “Realejo dos mundos”, temos a história de Flor e Muri, isolados em uma casa herdada da mãe de Flor, e que agora serve como abrigo para esses dois músicos que vivem no exílio de um espaço que nada tem a oferecer. Os dois são confrontados com suas lembranças, desejos e fantasmas de um passado que se manifesta o tempo inteiro. A escassez de recursos por ora se apresenta como uma metáfora para uma vida oca que é esvaziada de seu sentido completo. Em determinado momento, os dois encontram um piano abandonado e relembram peças compostas por Jocy de Oliveira em sua juventude. Já a adaptação de Jocy, em “Realejo de vida e morte”, a compositora insere a figura do Coro e da Orquestra que acompanha a narrativa dos dois personagens, compondo um panorama fantasmagórico que não reduz a solidão que os rodeia, mas promove um eco a esse sentimento.