Coleção BIP – Biblioteca do Instituto de Psicanálise
Em A supervisão na formação do psicanalista há uma tese que se desenvolve em torno da ideia de que a supervisão se dirige para o controle da relação que o supervisionando estabelece com a psicanálise por meio do trabalho analítico concernente ao caso clínico.
A supervisão não se confunde com o trabalho de construção do caso clínico. Um analista praticante pode se endereçar ao supervisor movido por uma dificuldade com o diagnóstico, dificuldade que, como se sabe, tem consequências sobre a direção do tratamento. Porém, segundo uma outra perspectiva, é possível dizer que a supervisão deve incidir sobre o supervisionando, sobretudo quando a posição subjetiva deste se apresenta em dificuldade para a leitura do caso e para a consequente produção do ato analítico. Considera-se que, nesses casos, é insuficiente o necessário encaminhamento para a experiência da análise com o intuito de que o tratamento possa ter lugar em condições mais favoráveis.
Além disso, é apresentada uma concepção surpreendente da supervisão, que a aproxima do dispositivo de verificação do final de análise, proposto por Lacan, que é o Passe.
O autor sugere, ainda, como uma das contribuições essenciais do livro a proposição de uma distinção entre controle (termo empregado na França) e supervisão (termo utilizado no Brasil) não apenas no meio psicanalítico, mas também em contextos diversos e variados da saúde mental. Como se poderá verificar, a incidência da supervisão na organização e no funcionamento do serviço mostra-se bastante instrutiva para a sequência do tratamento e a orientação do caso.