Este livro inclui as palestras apresentadas no XIII Congresso Internacional de Estética, ocorrido em Belo Horizonte em outubro de 2017, cujo título, “Os fins da arte”, explora o duplo sentido do termo “fim”, a saber, como término, por um lado, e como propósito, por outro. Como a expressão “fim da arte” remete imediatamente às Lições sobre a estética de Hegel, nas quais ele afirma o caráter pretérito da arte, é natural que essa seja uma referência para os textos aqui apresentados, com destaque para o de Márcia Gonçalves, o qual apresenta uma bela e completa reconstrução dos aportes propriamente hegelianos sobre o tema, e o de Gunter Gebauer, que se vale da tese hegeliana para abordar características da arte moderna, em conexão também com Nietzsche e Paul Ricoeur. No que tange à filosofia clássica alemã, também Kant é enfocado nas contribuições deste volume, especialmente no texto de Rosa Gabriella Gonçalves, que aborda o prazer e os processos imaginativos envolvidos na fruição de manifestações estéticas não figurativas, e de Giorgia Cecchinato, que enfoca a conexão entre o juízo de gosto e a moralidade. A referência a Nietzsche reaparece no texto de Alessandro Bertinetto, que apresenta instigante ponto de vista sobre a possibilidade de pensar a tensão entre práticas consolidadas e improvisação no ato concreto de produção da arte. No que concerne à música popular instrumental brasileira, a contribuição de Cliff Korman parece ser uma aplicação a contento dos princípios do improviso descritos por Bertinetto. Além de filósofos alemães dos séculos XVIII e XIX, capítulos deste livro abordam também autores contemporâneos, como Adorno, Flusser e Benjamin. Rodrigo Duarte põe os dois primeiros em contato com o prognóstico hegeliano, tendo em vista o fenômeno da cultura de massas. No que tange a Benjamin, Rita Velloso enfoca a flânerie e a referência aos escritores russos enquanto fundamento da teoria benjaminiana da arte. A constatação de que depois de experiências-limite na arte contemporânea, como o “quadrado branco sobre fundo branco” de Malevich ou a peça 4’33”, de John Cage, a arte prosseguiu o seu caminho (mesmo se deparando sempre com a questão dos limites) leva David Lapoujade a elaborar uma reflexão sobre o fim da arte essencialmente como jogo com os limites e sua superação.
Capa em kraft.