Qual a importância da indústria cultural como meio de dominação política no mundo contemporâneo? Qual papel teve a propaganda na mobilização das massas nos regimes totalitários? A arte conteria ainda um potencial de questionamento dos regimes políticos na atualidade? Ela seria ainda um fator de crítica do status quo? Estas são algumas questões abordadas em Varia aesthetica, de Rodrigo Duarte.
O livro reúne ensaios dos últimos anos sobre assuntos que cobrem desde a estética do Barroco, nas artes plásticas e na música, até o rock contemporâneo. Um propósito percorre todos esses escritos de examinar a pertinência dos conceitos da Teoria Crítica, formulada por Theodor Adorno, Max Horkheimer e Walter Benjamin, na primeira metade do século XX, na abordagem do contexto cultural contemporâneo.
Estes ensaios, além disso, retomam a investigação sobre os clássicos do pensamento estético, como Kant, Hegel e Nietzsche, e polemizam com teóricos contemporâneos, como François Lyotard, principal intérprete do pós-modernismo, e o americano Arthur Danto.
A atenção dada à música por Rodrigo Duarte tem sido um traço característico dos seus estudos de estética. Varia aesthetica explora em várias direções esta possibilidade. A indagação, várias vezes retomada, sobre a relação entre as diversas artes, especialmente a música e as artes visuais, beneficia-se deste contato com a música.
Rodrigo Duarte tem dedicado alguns trabalhos ao exame do desenvolvimento dos estudos de estética no Brasil. Varia Aesthetica apresenta alguns resultados desta pesquisa. Suas considerações sobre Vilém Flusser, que viveu muitos anos em São Paulo, avançam na exploração da obra deste escritor ainda pouco estudado. Outro ensaio apresenta um roteiro para uma revisão da curta história das pesquisas estéticas no Brasil. Certamente deverá ser um estímulo para o trabalho de outros estudiosos.
Rodrigo Duarte é professor da UFMG. A exposição muito precisa de teses complexas como as deste livro deve muito a seu trabalho docente. O leitor encontrará nestes ensaios um pensamento sempre denso, sobre questões bastante complexas, mas que nunca perde seu poder esclarecedor.
[Texto de orelha escrito por Eduardo Jardim]