Há dias soube que o bairro da Tijuca, o melting pot do Brasil, conhecido por seus artistas, morros, escolas de samba e onde fica o famoso estádio do Maracanã, fez aniversário e comemorou 262 anos de existência. Nascido, criado e morador desta parte ilustre da Pindorama carioca, fiquei desconcertado com a informação. Como assim a Tijuca tem data de nascimento? Quem decidiu? A partir de que ano se convencionou adotar como o de nascimento do único bairro do Rio de Janeiro em que o morador, antes de ser carioca, é também um tijucano? Como diria o jornalista Pedro Bial, carioca duas vezes, um “mineiro” do Rio.
Marquês de Pombal fundou a Tijuca?
Os textos sobre a efeméride não explicavam muito sobre esse singelo detalhe. Mas que diabos, 262 anos? Resolvi fazer as contas e o ano de nascimento então vai para o fatídico 1759. Interessante notar que os adoradores de efemérides convencionaram datar o início do bairro relacionando-o ao confisco das terras jesuíticas naquele ano pelo governo português, abrindo a região para o uso de particulares. Expulsos e expropriados de seus bens naquele ano pelo Marquês de Pombal, os padres da Companhia de Jesus tinham construído na região da Tijuca os primeiros engenhos de açúcar da cidade, além de casas e igrejas, bem como abriram as primeiras ruas, utilizando mão de obra indígena.
Também em seus domínios, aos pés das montanhas surgiram inúmeras chácaras de colonos que pagavam a eles tributos para cultivar a terra. É a partir dos engenhos da Tijuca que se desmatou a floresta, depois replantada – tamanho o estrago hídrico causado. Os jesuítas haviam sido agraciados diretamente por Estácio de Sá, em caráter perpétuo, com grande sesmaria que ia do Rio Comprido (o Iguaçu) a “tapera” de Inhaúma. Essa doação aconteceu de papel passado pelos esforços da ordem para com a fundação de São Sebastião ainda no ano de 1565.
O capitão português penava contra os tupinambás escondidos em tranqueiras na várzea entre o Cara de Cão e o Pão de Açúcar e procurava animar a “tropa” passando-lhes pedaços de papel com recortes da vindoura cidade. Essa seria uma boa “certidão de nascimento”, se é para convencionar uma. A doação da Tijuca em carta de sesmaria aos jesuítas em 1565.
Gebiracica, a tapera do pecado
A história da Tijuca, pelo próprio nome tupi que significa: t(ý) – água – iuka (iuk) – podre (podridão), água podre (malcheirosa), logicamente é muito mais antiga que um simples papel mal escrito. Nas fontes sobre as aldeias tupinambás do Rio de Janeiro, que por aqui já floresciam há quase 2 mil anos, é evidente a presença de uma grande taba central nessa região conhecida pelo nome de Yabebira-acica (“arraia cortada”), a Jabebiracica. Tenho a sugestão de que poderia ser o nome de seu cacique maioral, ou, talvez, a evidência da presença massiva desse peixe achatado, estimado pelos tupinambás, nos domínios litorâneos dessa aldeia (arraias são comuns na baía da Guanabara).
A presença dessa taba, inclusive, vai permanecer como toponímia da cidade em seus primeiros anos, e é incrível os livros de história não falarem disso. A Tijuca era a Gebiracica colonial. Essa aldeia também era chamada pelos franceses de Pepin, por causa da lembrança de um normando que por ali havia ficado um tempo. Tal proximidade com os “hereges” francófonos fez com que o padre José de Anchieta escrevesse em seu Auto de São Lourenço um adjetivo específico para antiga Tijuca, então a Jabebiracica dos nativos, para ele o local era “tapera (aldeia) do pecado”. Certamente, resistiu aos portugueses (e seus aliados indígenas) e foi massacrada. Era estratégica porque estava perto de um conhecido porto, o melhor de toda a Guanabara, onde inclusive seria erguido o porto moderno da cidade. Em sua praia também ficava o raro local de captação de água potável próximo à margem de toda a baía e que ficaria conhecido historicamente como a “bica dos marinheiros”. Também em Jabebiracica, ou seja, na Tijuca, ficava o ponto principal de estocagem de pau-brasil de toda a região. A partir dessa aldeia é que se podia conhecer as outras paragens e tabas do interior percorrendo os longos peabirus (caminhos ancestrais) que se iniciavam nela, como demonstrou o protestante Jean de Léry em 1557. Ele relatou ter passado por essa taba, surpreendendo-se com a sua grande população. E você aí achando que a Tijuca tinha 262 anos?
O primeiro morador
Temos efemérides, sim, senhor, mas também personagens únicos na história tijucana. O primeiro morador foi um tal de Arariboia – líder indígena dos tupis dissidentes da Guanabara e fundador das cidades do Rio de Janeiro e de Niterói.
Se Estácio não tomou banho no rio Carioca, Arariboia não só tomou banho ali, como também se refestelou em Jabebiracica após a conquista, transferindo sua gente para esta taba em meados de 1568. É por isso que o historiador jesuíta Simão de Vasconcelos afirmou que Arariboia ali se regozijou “com as relíquias dos tamoios vencidos”. Ele fez seu nome em cima de batalhas e com a própria sobrevivência a elas. A mais importante ocorreu justamente na antiga Jabebiracica, que mais tarde ficaria apontada nos mapas como a “Aldeia de Martinho”. Essa é a “Tijuca” dos mapas mais antigos e é nesse local do Rio colonial que aconteceu a derradeira batalha pela fundação da cidade. Os tupinambás contra-atacaram em dezembro de 1568 após a chegada em Cabo Frio de uma frota francesa. Entraram as centenas de canoas na Guanabara tocando seus pífanos de guerra avisando da investida, escoltados pelos canhões de navios normandos. A essa altura todos os portugueses trazidos por Mem de Sá em janeiro de 1567 para vencer os tupinambás já haviam retornado às suas terras.
Para a defesa da cidade, os poucos brancos contavam apenas com Arariboia e seus guerreiros. Os franceses fizeram chegar aos portugueses que os tupinambás só se interessavam em vingar-se de Arariboia, pego totalmente de surpresa pela investida. Desembarcaram na praia os atacantes, decidindo ao invés de prosseguir, descansar e esperar o dia seguinte para o ataque derradeiro. Segundo o jesuíta Simão de Vasconcelos, aproveitou Arariboia essa pausa para atacar sitiantes durante a noite, criando grande confusão nos inimigos, e por fim ganhando a batalha. Tudo isso aconteceu na “Tijuca”. Por ali, Arariboia teria ficado pelo menos até o fim da década de 1570, apesar de já ter tomado posse de sua própria sesmaria do outro lado da baía. É o que mostra o mapa de um espião francês, datado de 1579, onde estão anotados os pontos estratégicos da cidade e onde há a indicação da aldeia de “Ararone” na atual região da Tijuca.
Ou seja, o tijucano também tem um “fundador”. Arariboia fundou o Rio, Niterói e, o mais importante, a Tijuca.
A igreja e a aldeia
Dito isso, fica uma questão no ar. Onde ficaria essa taba central dos tupinambás dos primórdios da Tijuca? A antiga Jabebiracica? Taba essa que daria origem à aldeia de Arariboia pós-conquista relatada nos mapas? A aldeia que é a origem ancestral de todo o bairro?
Em carta jesuítica de 1570, o padre Gonçalo de Oliveira relatou haver uma ermida em homenagem a São Lourenço na então aldeia de Martin Afonso Arariboia. Aldeia que sabemos nesse ano estar então localizada na região da Tijuca e que havia sido antes a Yabebira dos tupinambás. Antes de se mudar definitivamente para Niterói, essa ermida primitiva de São Lourenço foi erguida primeiro em Gebiracica, como atestam fontes. Segundo os historiadores a atual Igreja de São Francisco Xavier do Engenho Velho, marco inicial do bairro, tem sua criação estimada ainda para o primeiro ano de fundação da cidade do Rio de Janeiro, ou seja, em 1567, quando da posse das terras pelos jesuítas. Acontece que São Francisco Xavier só viria a ser canonizado em 1622, tendo sido incorporado seu nome à atual igreja somente após essa data, bem distante de sua real fundação originária como ermida de São Lourenço.
Os dados levam a crer que estamos falando da mesma igreja, então erguida como de São Lourenço na aldeia de Arariboia, a ex-Jabebiracica dos tupinambás, ao lado de um rio de água limpas e potável (atual rio Trapicheiros) e aos pés do “planaltinho” da pedra da Babilônia, onde os rios não alagam e se podia vigiar a costa. A aldeia ficava defronte a montanha na área que vai da estação do metrô ao atual Colégio Militar.
Na terra dos papagaios, o Maracanã era rei. Quando você – seja tijucano ou carioca, seja de passagem pelo Rio – avistar essa igreja agora, repare na montanha por detrás, note o rio do outro lado da rua e que tudo isso começou em solo indígena.
Rafael Freitas da Silva é carioca, jornalista, repórter e produtor de TV. Publicou pela Relicário O Rio antes do Rio, que caminha para a 5ª edição. Prepara a publicação do próximo livro, Arariboia.
UM ENCONTRO DE CLASSE por Pedro Meira Monteiro Eu pretendia continuar aqui na coluna os comentários sobre a Flip “vegetal”, que comecei a escrever em dezembro de 2021. No entanto me sinto impelido a interromper a série logo em seu início, para narrar algo que aconteceu: uma cena simples, dessas que deixam a gente …
GUIA TURÍSTICO DE ‘O RIO ANTES DO RIO’ por Rafael Freitas da Silva Neste mês, a Relicário Edições comemora oito anos de existência em contribuições à literatura e cultura editorial do Brasil. Por isso, a coluna Pindorama de outubro é dedicada à editora que desde 2019 não só abraçou, mas sobretudo renovou O Rio …
ROUPA, MEMÓRIA por Ana Elisa Ribeiro Era uma blusa de frio com listas azuis e marrons. Lembro que tinha um toque meio seco, mas era de lã ou coisa parecida, aquecia bem, e eu só a usava entre junho e julho, no inverno de Belo Horizonte. Em agosto já parecia demais. Na foto, eu …
A FOFOCA COMO IMPULSO DE LEITURA Por Ieda Magri Parece que em outras vidas fui uma fofoqueira: expus vidas alheias, usei coisas que sabia dos outros a meu favor, pelo menos foi o que me garantiu uma astróloga que consultei recentemente. Isso me fez pensar nas fofoqueiras todas da minha adolescência e então desconfio daquilo …
COLUNA PINDORAMA
A TIJUCA ANTES DA TIJUCA
por Rafael Freitas da Silva
Há dias soube que o bairro da Tijuca, o melting pot do Brasil, conhecido por seus artistas, morros, escolas de samba e onde fica o famoso estádio do Maracanã, fez aniversário e comemorou 262 anos de existência. Nascido, criado e morador desta parte ilustre da Pindorama carioca, fiquei desconcertado com a informação. Como assim a Tijuca tem data de nascimento? Quem decidiu? A partir de que ano se convencionou adotar como o de nascimento do único bairro do Rio de Janeiro em que o morador, antes de ser carioca, é também um tijucano? Como diria o jornalista Pedro Bial, carioca duas vezes, um “mineiro” do Rio.
Marquês de Pombal fundou a Tijuca?
Os textos sobre a efeméride não explicavam muito sobre esse singelo detalhe. Mas que diabos, 262 anos? Resolvi fazer as contas e o ano de nascimento então vai para o fatídico 1759. Interessante notar que os adoradores de efemérides convencionaram datar o início do bairro relacionando-o ao confisco das terras jesuíticas naquele ano pelo governo português, abrindo a região para o uso de particulares. Expulsos e expropriados de seus bens naquele ano pelo Marquês de Pombal, os padres da Companhia de Jesus tinham construído na região da Tijuca os primeiros engenhos de açúcar da cidade, além de casas e igrejas, bem como abriram as primeiras ruas, utilizando mão de obra indígena.
Também em seus domínios, aos pés das montanhas surgiram inúmeras chácaras de colonos que pagavam a eles tributos para cultivar a terra. É a partir dos engenhos da Tijuca que se desmatou a floresta, depois replantada – tamanho o estrago hídrico causado. Os jesuítas haviam sido agraciados diretamente por Estácio de Sá, em caráter perpétuo, com grande sesmaria que ia do Rio Comprido (o Iguaçu) a “tapera” de Inhaúma. Essa doação aconteceu de papel passado pelos esforços da ordem para com a fundação de São Sebastião ainda no ano de 1565.
O capitão português penava contra os tupinambás escondidos em tranqueiras na várzea entre o Cara de Cão e o Pão de Açúcar e procurava animar a “tropa” passando-lhes pedaços de papel com recortes da vindoura cidade. Essa seria uma boa “certidão de nascimento”, se é para convencionar uma. A doação da Tijuca em carta de sesmaria aos jesuítas em 1565.
Gebiracica, a tapera do pecado
A história da Tijuca, pelo próprio nome tupi que significa: t(ý) – água – iuka (iuk) – podre (podridão), água podre (malcheirosa), logicamente é muito mais antiga que um simples papel mal escrito. Nas fontes sobre as aldeias tupinambás do Rio de Janeiro, que por aqui já floresciam há quase 2 mil anos, é evidente a presença de uma grande taba central nessa região conhecida pelo nome de Yabebira-acica (“arraia cortada”), a Jabebiracica. Tenho a sugestão de que poderia ser o nome de seu cacique maioral, ou, talvez, a evidência da presença massiva desse peixe achatado, estimado pelos tupinambás, nos domínios litorâneos dessa aldeia (arraias são comuns na baía da Guanabara).
A presença dessa taba, inclusive, vai permanecer como toponímia da cidade em seus primeiros anos, e é incrível os livros de história não falarem disso. A Tijuca era a Gebiracica colonial. Essa aldeia também era chamada pelos franceses de Pepin, por causa da lembrança de um normando que por ali havia ficado um tempo. Tal proximidade com os “hereges” francófonos fez com que o padre José de Anchieta escrevesse em seu Auto de São Lourenço um adjetivo específico para antiga Tijuca, então a Jabebiracica dos nativos, para ele o local era “tapera (aldeia) do pecado”. Certamente, resistiu aos portugueses (e seus aliados indígenas) e foi massacrada. Era estratégica porque estava perto de um conhecido porto, o melhor de toda a Guanabara, onde inclusive seria erguido o porto moderno da cidade. Em sua praia também ficava o raro local de captação de água potável próximo à margem de toda a baía e que ficaria conhecido historicamente como a “bica dos marinheiros”. Também em Jabebiracica, ou seja, na Tijuca, ficava o ponto principal de estocagem de pau-brasil de toda a região. A partir dessa aldeia é que se podia conhecer as outras paragens e tabas do interior percorrendo os longos peabirus (caminhos ancestrais) que se iniciavam nela, como demonstrou o protestante Jean de Léry em 1557. Ele relatou ter passado por essa taba, surpreendendo-se com a sua grande população. E você aí achando que a Tijuca tinha 262 anos?
O primeiro morador
Temos efemérides, sim, senhor, mas também personagens únicos na história tijucana. O primeiro morador foi um tal de Arariboia – líder indígena dos tupis dissidentes da Guanabara e fundador das cidades do Rio de Janeiro e de Niterói.
Se Estácio não tomou banho no rio Carioca, Arariboia não só tomou banho ali, como também se refestelou em Jabebiracica após a conquista, transferindo sua gente para esta taba em meados de 1568. É por isso que o historiador jesuíta Simão de Vasconcelos afirmou que Arariboia ali se regozijou “com as relíquias dos tamoios vencidos”. Ele fez seu nome em cima de batalhas e com a própria sobrevivência a elas. A mais importante ocorreu justamente na antiga Jabebiracica, que mais tarde ficaria apontada nos mapas como a “Aldeia de Martinho”. Essa é a “Tijuca” dos mapas mais antigos e é nesse local do Rio colonial que aconteceu a derradeira batalha pela fundação da cidade. Os tupinambás contra-atacaram em dezembro de 1568 após a chegada em Cabo Frio de uma frota francesa. Entraram as centenas de canoas na Guanabara tocando seus pífanos de guerra avisando da investida, escoltados pelos canhões de navios normandos. A essa altura todos os portugueses trazidos por Mem de Sá em janeiro de 1567 para vencer os tupinambás já haviam retornado às suas terras.
Para a defesa da cidade, os poucos brancos contavam apenas com Arariboia e seus guerreiros. Os franceses fizeram chegar aos portugueses que os tupinambás só se interessavam em vingar-se de Arariboia, pego totalmente de surpresa pela investida. Desembarcaram na praia os atacantes, decidindo ao invés de prosseguir, descansar e esperar o dia seguinte para o ataque derradeiro. Segundo o jesuíta Simão de Vasconcelos, aproveitou Arariboia essa pausa para atacar sitiantes durante a noite, criando grande confusão nos inimigos, e por fim ganhando a batalha. Tudo isso aconteceu na “Tijuca”. Por ali, Arariboia teria ficado pelo menos até o fim da década de 1570, apesar de já ter tomado posse de sua própria sesmaria do outro lado da baía. É o que mostra o mapa de um espião francês, datado de 1579, onde estão anotados os pontos estratégicos da cidade e onde há a indicação da aldeia de “Ararone” na atual região da Tijuca.
Ou seja, o tijucano também tem um “fundador”. Arariboia fundou o Rio, Niterói e, o mais importante, a Tijuca.
A igreja e a aldeia
Dito isso, fica uma questão no ar. Onde ficaria essa taba central dos tupinambás dos primórdios da Tijuca? A antiga Jabebiracica? Taba essa que daria origem à aldeia de Arariboia pós-conquista relatada nos mapas? A aldeia que é a origem ancestral de todo o bairro?
Em carta jesuítica de 1570, o padre Gonçalo de Oliveira relatou haver uma ermida em homenagem a São Lourenço na então aldeia de Martin Afonso Arariboia. Aldeia que sabemos nesse ano estar então localizada na região da Tijuca e que havia sido antes a Yabebira dos tupinambás. Antes de se mudar definitivamente para Niterói, essa ermida primitiva de São Lourenço foi erguida primeiro em Gebiracica, como atestam fontes. Segundo os historiadores a atual Igreja de São Francisco Xavier do Engenho Velho, marco inicial do bairro, tem sua criação estimada ainda para o primeiro ano de fundação da cidade do Rio de Janeiro, ou seja, em 1567, quando da posse das terras pelos jesuítas. Acontece que São Francisco Xavier só viria a ser canonizado em 1622, tendo sido incorporado seu nome à atual igreja somente após essa data, bem distante de sua real fundação originária como ermida de São Lourenço.
Os dados levam a crer que estamos falando da mesma igreja, então erguida como de São Lourenço na aldeia de Arariboia, a ex-Jabebiracica dos tupinambás, ao lado de um rio de água limpas e potável (atual rio Trapicheiros) e aos pés do “planaltinho” da pedra da Babilônia, onde os rios não alagam e se podia vigiar a costa. A aldeia ficava defronte a montanha na área que vai da estação do metrô ao atual Colégio Militar.
Na terra dos papagaios, o Maracanã era rei. Quando você – seja tijucano ou carioca, seja de passagem pelo Rio – avistar essa igreja agora, repare na montanha por detrás, note o rio do outro lado da rua e que tudo isso começou em solo indígena.
Rafael Freitas da Silva é carioca, jornalista, repórter e produtor de TV. Publicou pela Relicário O Rio antes do Rio, que caminha para a 5ª edição. Prepara a publicação do próximo livro, Arariboia.
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UM ENCONTRO DE CLASSE por Pedro Meira Monteiro Eu pretendia continuar aqui na coluna os comentários sobre a Flip “vegetal”, que comecei a escrever em dezembro de 2021. No entanto me sinto impelido a interromper a série logo em seu início, para narrar algo que aconteceu: uma cena simples, dessas que deixam a gente …
COLUNA PINDORAMA
GUIA TURÍSTICO DE ‘O RIO ANTES DO RIO’ por Rafael Freitas da Silva Neste mês, a Relicário Edições comemora oito anos de existência em contribuições à literatura e cultura editorial do Brasil. Por isso, a coluna Pindorama de outubro é dedicada à editora que desde 2019 não só abraçou, mas sobretudo renovou O Rio …
COLUNA MARCA PÁGINA
ROUPA, MEMÓRIA por Ana Elisa Ribeiro Era uma blusa de frio com listas azuis e marrons. Lembro que tinha um toque meio seco, mas era de lã ou coisa parecida, aquecia bem, e eu só a usava entre junho e julho, no inverno de Belo Horizonte. Em agosto já parecia demais. Na foto, eu …
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A FOFOCA COMO IMPULSO DE LEITURA Por Ieda Magri Parece que em outras vidas fui uma fofoqueira: expus vidas alheias, usei coisas que sabia dos outros a meu favor, pelo menos foi o que me garantiu uma astróloga que consultei recentemente. Isso me fez pensar nas fofoqueiras todas da minha adolescência e então desconfio daquilo …