Este livro reúne representações da leitura dentro da ficção dos últimos dois séculos. Com elas, pretende ilustrar um percurso que acompanha o curso da modernidade: da veneração pelos livros à sua mera nostalgia. Essas figuras são facilmente reconhecíveis em romances, contos e ensaios ao longo desse período: representações exaltadas, patéticas, horrorizadas, kitsch ou sublimes dos efeitos da familiaridade com a letra impressa.
O livro se constrói com base no entrelaçamento de um mosaico de leituras no qual a autora, após relembrar algumas cenas clássicas de Dante (A divina comédia), Cervantes (Dom Quixote) e Goethe (Werther), revisita figurações da leitura em Flaubert (Madame Bovary e Bouvard e Pécuchet), Charlotte Brontë (Shirley e Villette), Fielding (Tom Jones), George Eliot (O moinho à beira do rio Floss e Middlemarch), Wordsworth (O prelúdio), Balzac (Modesta Mignon), Fernán Caballero (Clemencia), José Mármol (Amalia), Clarín (A corregedora), Nathaniel Hawthorne (A letra escarlate), Gérard de Nerval (Sylvie), Émile Zola (O dinheiro), Knut Hamsun (Fome), Joseph Conrad (Coração das trevas e Vitória), Virginia Woolf (Entre os atos, Mrs. Dalloway e Anon), Juan Benet (Una meditación), Clarice Lispector (A hora da estrela) e… Freud (O caso Dora, narrado em Fragmento de uma análise de histeria).