Sinais de nós, de Lina Meruane, traz as memórias da infância de uma menina que estuda em um colégio de classe alta na capital do Chile. Esse é o ponto a partir do qual, anos mais tarde, a narradora elabora e enfrenta seu passado, vinculado ao golpe militar de Augusto Pinochet, junto ao medo e o silêncio fantasmagóricos que persistem no presente.
O título sugere os sinais que as meninas não foram capazes de perceber: a ausência de colegas que deixavam de ir às aulas, o desaparecimento de pais ou a presença de agentes da Central Nacional de Informaciones na escola fazendo a segurança do neto de Pinochet. Mas também alude à maneira como o medo e o silêncio se implantaram inconscientemente na identidade coletiva, dando origem a sequelas que perdurarão para sempre. “O não saber nada, o não querer saber, cobria o país como um escudo e como o privilégio de ter sabido, mas preferido não saber.”
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Tornar-se Palestina, da escritora chilena Lina Meruane, teve sua primeira edição brasileira publicada pela Relicário em 2019. Em 2025, chega-nos a segunda edição ampliada, com prefácio do escritor brasileiro Milton Hatoum – que contextualiza o momento presente e o genocídio em curso – e uma terceira e nova parte somada às duas primeiras, chamada “Rostos em meu rosto”.
Tornar-se Palestina assume-se como um livro comprometido e consolida-se como uma obra essencial para quem deseja compreender as raízes históricas da realidade palestina e fazer frente às injustiças coloniais. Sucesso de público e crítica, teve mais de 15.000 exemplares vendidos no país.