OBRA DE REFERÊNCIA SOBRE A GUANABARA TUPINAMBÁ GANHA NOVA EDIÇÃO E É ENREDO DA PORTELA 2020
As histórias e disputas entre indígenas e europeus que culminaram na formação da cidade do Rio de Janeiro são a inspiração para o Carnaval da Azul-e-Branco de Madureira
“Monumental.” – Ruy Castro
Sucesso de crítica, publicado pela primeira vez em dezembro de 2015, no calendário das comemorações dos 450 anos do Rio de Janeiro, O Rio antes do Rio teve três edições em pouco mais de um ano. Agora ganha novo projeto gráfico com conteúdo revisto e ampliado, com lançamento pela Relicário.
Houve um tempo em que todo dia era dia de índio, como diz a música. E como era o Rio de Janeiro nessa época? Era o que, desde pequeno, se perguntava o jornalista Rafael Freitas da Silva. O resultado de tamanha curiosidade está em O Rio antes do Rio. Rafael segue em busca de uma história esquecida, de relíquias e pistas antes consideradas maluquices ou lendas, e parte, sobretudo, de uma constatação de que muito pouco se conhece sobre as origens da Cidade Maravilhosa. Pedro Bial, que assina o texto de quarta capa, afirma ter sido “transportado para o Rio de antes de todos os janeiros”.
História dos vencidos
“O Rio antes do Rio é uma tentativa de fazer a história dos vencidos, porque dos vencedores já conhecemos. Foram os portugueses que produziram a maior parte das fontes, são seus próceres que contam a história de uma baía que conheceram apenas como conquistadores. O que antes parecia impossível, hoje já se pode remontar, pelo menos um pouco, esse passado obscuro de um Rio que começou antes da fundação da cidade. Para tanto é preciso revisitar as obras dos franceses que aqui estiveram antes dos lusos, das modernas pesquisas sobre as toponímias do Rio de Janeiro que tanto avançaram nos últimos anos e também por passagens reveladoras de obras jesuíticas”, constata Rafael.
Com vasta iconografia — incluindo mapas e ilustrações de rituais indígenas, personagens da época e animais que davam nomes às principais tribos, que vieram a se tornar os bairros da cidade —, a obra é dividida em quatro capítulos que se integram como etapas da saga tupinambá à batalha de Uruçumirim, até o ano de 1567.
Guanabarinas
No primeiro capítulo, Rafael Freitas da Silva retrata como era a vida de um homem e de uma mulher no Rio de Janeiro “dos rios de águas transparentes e das florestas que avançavam sobre o mar”. No segundo, traça um panorama informativo sobre os nomes das aldeias e os morubixabas (caciques) que governaram a Guanabara desde os tupis que lá chegaram, há cerca de 2 ou 3 mil anos. Assim, foi preciso considerar o Rio de Janeiro não nos limites da cidade de hoje, e sim na sua composição índígena, que transbordava para a Baixada Fluminense, a baía de Sepetiba e os municípios que ficavam no caminho para a Região dos Lagos.
Rafael recompõe a história do Rio de Janeiro no terceiro e quarto capítulos com informações que ajudam a entender as origens da fundação da cidade de maneira mais completa. “Para que a história se tornasse mais saborosa aos leitores, enfatizei as aventuras e sagas que eclodiram na formação e conquista da cidade de São Sebastião”, diz. Esta nova edição conta ainda com um índice remissivo, com termos, toponímias e nomes próprios essenciais para a formação da história da cidade do Rio de Janeiro.