Sobre “Tradução-Exu [ensaio de tempestades a caminho]”:
A tradução-exu é um parricídio muito peculiar, não considera o sentido absolutamente inessencial, porque deseja num só gesto bater cabeça ao texto original e jogá-lo por terra, como Exu que a um só tempo venera, serve e engana Orunmilá. Nesse sentido, a tradução-exu precisa também vir antes de seu original para desmontá-lo enquanto lhe dá o procedimento crítico pela contradição, e não pelo apontamento; tudo isso sem qualquer pretensão de Aufhebung (suprassunção) que nos leve ao um novo estágio. Deslocamento de corpos em movimento e choque, transfusão da saliva da fala, a tradução-exu será um caso específico de risco e amor, desastre do desejo ainda cego e já no fio da faca, como Exu, que lança a verdade contando mentiras ou mente a bem do oráculo, sem estancar o sentido da verdade, mas apostando no paradoxo como a força das relações.
+ infos aqui: https://www.relicarioedicoes.com/livros/traducao-exu/
Sobre “Uma A Outra Tempestade [tradução-Exu]”:
“Tempestades virão. Chuva já foi. Raio que vem, virá.
Tempestades já vi. Outras virão. Quem conviver verá.
Não me entendem assim? Falo falaz língua de escravidão
que vocês usarão. Falo os confins, falo no fim de mim.”
Este livro é um poema novo de André Capilé e Guilherme Gontijo Flores. E é, ao mesmo tempo, uma tradução de The Tempest, de William Shakespeare, e de Une tempête, de Aimé Césaire, fundidas e recriadas numa aventura poética e política que mergulha nas contradições do mundo colonial. Entre a criação autoral e a liberdade tradutória, vocês estão diante de um experimento radical de tradução-exu.
+ infos aqui: https://www.relicarioedicoes.com/livros/uma-a-outra-tempestade/